É muito comum ter aquela “farmácinha” em casa. Ela costuma conter remédios para dor e febre, antiácido e até mesmo alguns anti-inflamatórios e outros remédios mais específicos. O problema é que muita gente não se dá conta de que a facilidade de acesso aumenta a exposição aos perigos da automedicação.
Esse hábito já faz parte da vida de muitas pessoas, mas é preciso ter cuidado porque medicamentos são substâncias químicas, causam efeitos colaterais e interagem com outros remédios que a pessoa utiliza. Além disso, existem as contraindicações. O Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, celebrado nesta quarta-feira (5), chama a atenção para esse assunto, relacionado principalmente aos altos índices de intoxicação por remédios no país.
O que é a automedicação?
Sabe quando vem aquela dor de cabeça, um desconforto abdominal, uma alteração no funcionamento do intestino ou uma inflamação na garganta? O que muita gente costuma fazer em situações como essas é procurar na ‘farmácia’ que tem em casa algum remédio que possa solucionar o problema.
Quando não encontra, pergunta para outras pessoas ou faz uma pesquisa rápida pela internet e, por conta própria, define qual remédio poderia sanar os desconfortos que está sentindo. Essas duas situações são exemplos de automedicação.
A automedicação se caracteriza pela prática de ingerir algum medicamento sem antes passar pela consulta com um médico. Consiste em se medicar por conta própria sem o aconselhamento ou o acompanhamento profissional, nem a certeza de um diagnóstico.
Por que a automedicação é tão comum?
Especialistas de todas as áreas estão sempre alertando a respeito dos perigos da automedicação, porém, essa é uma prática ainda muito comum. Segundo uma pesquisa do Datafolha, 77% dos brasileiros se automedicam, sendo que 47% fazem isso pelo menos uma vez por mês e 25% têm o costume se automedicar todos os dias ou pelo menos uma vez na semana.
Como você pode ver, a quantidade de pessoas que ingere medicamentos sem consultar um médico é muito grande. Essa prática acontece por diferentes motivos. Um deles são as indicações feitas entre familiares ou amigos.
Uma pessoa que teve um sintoma parecido e usou um determinado medicamento que aparentemente funcionou indica essa mesma substância para quem está precisando. A automedicação também acontece por causa da facilidade em adquirir remédios. Muitos têm venda livre, ou seja, a pessoa não precisa portar uma receita para comprar.
Existe, também, a questão do acesso à informação. Apesar de ser algo positivo, pode favorecer os perigos da automedicação porque pessoas sem conhecimento especializado buscam referências, em especial na internet, e se automedicam.
Em outros casos, pode acontecer de a pessoa não querer procurar um médico, seja por falta de tempo ou mesmo por medo. Assim, julga mais prático resolver em casa, de acordo com aquilo a que tem acesso.
Quais são os perigos da automedicação?
A falsa sensação de segurança também faz com que as pessoas se automediquem, porém, os perigos da automedicação não devem ser deixados de lado. Eles são reais e podem acontecer com qualquer pessoa, muitas vezes, ameaçando a vida.
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Reações alérgicas
Os medicamentos são compostos pelos mais diferentes princípios ativos. Assim, existem combinações de substâncias, interações medicamentosas e com outros produtos. Tudo isso pode desencadear reações alérgicas, das mais sutis às severas.
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Dependência
Você sabia que alguns medicamentos podem causar dependência quando consumidos de maneira errada ou por um tempo prolongado? O organismo vicia naquela substância, fazendo com que a pessoa se sinta bem apenas quando ela é utilizada. Isso oferece um risco significativo para a saúde em geral e de órgãos específicos, como os rins, fígado, coração e o pulmão.
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Intoxicação
Existem diferentes concentrações de princípios ativos nos medicamentos. E cada pessoa precisa de uma quantidade diferente de acordo com suas características, assim como cada problema é tratado de uma forma diferente com o mesmo remédio.
Um dos perigos da automedicação é não considerar esses fatores. Tudo isso pode provocar intoxicação. A interação com outros medicamentos e o modo como essas substâncias são armazenadas também merecem atenção, pois são elementos que alteram sua estrutura e compromete a eficácia.
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Resistência aos remédios
A resistência acontece quando um medicamento é utilizado por um período prolongado ou quando usamos uma substância inadequada para tratar um determinado problema. O organismo não consegue mais responder à ação dos remédios, o que faz com que o tratamento seja ainda mais complexo e demorado.
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Efeitos colaterais intensos
Os remédios, até mesmo os que são considerados inofensivos, podem causar efeitos colaterais. Essas reações variam de pessoa para pessoa conforme sua sensibilidade, de acordo com suas condições orgânicas e a possível ingestão de outras substâncias.
Dessa forma, mais um dos perigos da automedicação é a ocorrência de efeitos colaterais intensos por causa do uso inadequado dos remédios. Além disso, a pessoa não conhece ao certo as necessidades do seu organismo.
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Atraso no diagnóstico
Geralmente, as pessoas procuram um remédio que ajude a controlar um sintoma incômodo. Entretanto, não podemos esquecer que o sintoma é apenas um sinal que o organismo emite para avisar que algo está errado, ou seja, ele não é o problema ou a doença em si.
Sendo assim, quando apelamos para a automedicação a fim de controlar um determinado sintoma, estamos mascarando o problema verdadeiro. Com isso, atrasamos ainda mais o diagnóstico, pois temos a falsa sensação de que tudo está bem e adiamos a ida ao médico. Esse atraso pode dificultar o tratamento e comprometer ainda mais a saúde.
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Agravamento do quadro
Para cada problema de saúde, o tratamento é diferente, mas nem sempre quem tem o hábito de se automedicar pensa nesse detalhe e acaba tomando qualquer remédio que ajude a aliviar o desconforto.
É por isso que a automedicação pode levar ao agravamento do quadro. Afinal, se uma dor de garganta for de origem bacteriana, por exemplo, ela precisa ser tratada com antibióticos. Então, uma simples pastilha não vai funcionar, e a infecção vai se agravar. Isso acontece também para outros problemas, quando não são tratados logo no começo e com a medicação correta.
Conte com seu farmacêutico
É indispensável fazer um acompanhamento periódico e monitorar a saúde para identificar precocemente possíveis problemas ou alterações que possam levar a condições mais graves no futuro.
Nesse contexto, o farmacêutico é o profissional de referência para garantir que o paciente faça um uso racional do medicamento, com o qual você pode – e deve! – contar. Eles podem atuar em diferentes momentos, como no acolhimento do consumidor para verificar as suas necessidades de saúde.
O médico também é fundamental para indicar remédios seguros e a dosagem ideal para cada caso, evitando excessos e riscos.
Então, não se esqueça: tomar remédios por conta própria faz com que você se exponha aos perigos da automedicação, com o risco de agravar o seu quadro de saúde ou provocar outros problemas por causa do uso inadequado de determinadas substâncias. Sempre procure a ajuda de um médico ou farmacêutico para cuidar da sua saúde com segurança.